Gloomhaven: O Último Refúgio - FIM



O Último Sacrifício: A Luta Pela Luz

A câmara onde o artefato repousava era um lugar estranho, uma vastidão sem fim, onde as sombras pareciam estar em constante movimento, se esticando e encolhendo como se quisessem engolir tudo ao redor. A energia pulsante do artefato fazia o ar vibrar, e o som de seus ecos ressoava em seus ossos. O chão, coberto por uma camada fina de poeira e cinzas, era marcado por inscrições antigas, palavras que pareciam sussurrar segredos esquecidos. No centro da sala, o artefato estava flutuando, envolto em uma esfera de energia escura, que parecia quase viva.

“Não é só um artefato,” disse Lucius, observando a energia em volta. “É uma prisão. Uma prisão que mantém algo dentro. Algo que não deveria ser solto.”

Os outros concordaram em silêncio, sentindo o peso das palavras de Lucius. “A escuridão não é apenas uma força corruptora,” disse Ravenna, sua voz sombria. “Ela é uma entidade. Uma entidade que se alimenta do medo, da dor e do sofrimento. E o artefato... ele é o seu coração.”

“Precisamos destruí-lo,” Hrogar disse com determinação, seus olhos fixos no artefato. “Ou tudo estará perdido.”

A Aproximação da Escuridão

Enquanto se aproximavam, o ambiente ao redor parecia se tornar mais opressor. O ar ficava mais denso, como se a própria sala estivesse tentando asfixiar todos ali presentes. As sombras nas paredes começaram a se distorcer, tornando-se formas nebulosas que pareciam se mover para atacá-los. De repente, elas começaram a se materializar em figuras de pesadelo: criaturas distorcidas, com membros alongados e olhos vermelhos brilhando de raiva e dor.

“Cuidado!” gritou Xander, rapidamente sacando suas adagas e correndo para atacar uma das criaturas que tentava engolir Lira com suas garras.

Mas as sombras não eram apenas inimigos físicos. Elas eram um reflexo das emoções mais profundas e sombrias do grupo. Ravenna sentiu isso mais do que ninguém. As sombras se alimentavam das fraquezas de cada um, e elas começaram a se manifestar de maneiras pessoais e dolorosas.

“Não me deixe falhar!” Ravenna gritou para si mesma, enquanto uma sombra a envolvia. Ela sentiu uma pressão em seu peito, como se sua própria culpa estivesse tomando forma. O peso das decisões que ela fizera em sua vida, os sacrifícios que ela achava que nunca seriam perdoados, começaram a se materializar diante dela. “Eu não sou mais aquela pessoa,” ela sussurrou, recusando-se a ser consumida por seus próprios demônios. Com um gesto brusco, ela conjurou uma explosão de energia negra, dissipando a sombra que ameaçava engoli-la.

“Não, você não vai me controlar!” ela gritou, as palavras de desafio saindo com força. Ela sabia que, se não se livrasse daquela sombra interna, a batalha estaria perdida, não apenas para ela, mas para todos.

Hrogar estava enfrentando um adversário diferente. Ele estava sendo desafiado por uma versão de si mesmo, um reflexo de sua própria desesperança. Ele via em sua frente o próprio martelo sendo desferido contra ele, o martelo que ele sempre usava para derrotar seus inimigos, mas agora ele era o inimigo.

“Não!” Hrogar gritou, e sua voz reverberou pela sala. Ele não queria ser consumido por suas próprias falhas. Ele era mais do que seu passado, mais do que as cicatrizes que levava. Ele desferiu um golpe com seu martelo, esmagando a sombra que tomava forma de suas inseguranças.

“Eu sou mais forte do que isso!”

O Desafio Final

Enquanto os membros da aliança lutavam contra as sombras internas, Xander e Lucius estavam mais focados no artefato. Mas o ambiente estava desmoronando ao redor deles. A energia do artefato parecia querer expandir-se, cobrindo toda a câmara em uma ondulação de pura escuridão, como se estivesse tentando engolir o mundo.

“Precisamos quebrar o artefato,” disse Xander, sua voz carregada de urgência. “A escuridão vai nos consumir a todos se não fizermos algo agora!”

Mas o artefato não estava só. As sombras começaram a formar uma entidade imensa, uma criatura de pura energia escura, com olhos vermelhos brilhantes que pareciam olhar diretamente para as almas dos aventureiros. Essa era a verdadeira forma do que o artefato tinha libertado: a própria essência da escuridão primordial, que agora estava tentando engolfar o mundo.

“Não há mais tempo!” gritou Lucius, sentindo o peso do que estava prestes a acontecer. “Temos que destruir o artefato agora!”

E com isso, eles avançaram. Ravenna e Lira se posicionaram, suas magias se unindo em uma sinergia perfeita. A energia luminosa de Lira se chocou contra a energia sombria de Ravenna, criando uma onda de choque que ressoou pela sala. As sombras começaram a se contorcer e a se dividir, mas a entidade não estava disposta a cair sem resistência.

Hrogar e Xander, trabalhando em conjunto, atacaram com força bruta. Hrogar, com seu martelo, desferiu um golpe no pedestal, tentando quebrá-lo. Xander, rápido como uma serpente, atacou o artefato diretamente com suas adagas, vislumbrando qualquer fraqueza no pedestal de ferro.

O artefato estremeceu e, em um instante de pura luz e escuridão, explodiu.

O Colapso da Fortaleza

A sala foi invadida por uma luz cegante, e as sombras foram varridas por uma onda de pura energia. As paredes da Fortaleza de Ferro começaram a se estilhaçar, e o chão tremia como se o próprio mundo estivesse tentando se libertar da maldição que ali repousava. O artefato havia sido destruído, mas a batalha ainda não estava ganha.

Com a destruição do artefato, uma onda de energia varreu a Fortaleza, desintegrando as criaturas sombrias e dissolvendo a corrupção que havia se espalhado pela cidade. Mas também, uma onda de escuridão surgia de dentro, ameaçando engolir tudo.

“Vamos! Agora!” Lucius gritou, enquanto a fortaleza começava a desabar. Eles corriam para a saída, desviando de rochas que caíam e rachaduras no chão. Mas, quando estavam prestes a alcançar a saída, o teto acima deles ruiu, separando o grupo.

“Vão!” Hrogar gritou para os outros, enquanto ele se virava para enfrentar a escuridão que ainda tentava se erguer, alimentada pelos últimos vestígios do artefato. “Eu vou segurar a porta! Não deixem que a cidade caia!”

Com um último olhar para seus amigos, Hrogar ergueu seu martelo, enfrentando a última onda de escuridão. “Para Gloomhaven!” Ele gritou, sabendo que sua jornada terminava ali.

E assim, a fortaleza desabou, e Gloomhaven foi liberada da escuridão que a havia dominado por tanto tempo. Mas a vitória tinha um custo. Eles haviam derrotado a escuridão, mas perdido um amigo. O sacrifício de Hrogar não seria esquecido.


Epílogo: O Legado de Gloomhaven

A cidade de Gloomhaven, agora livre do controle das sombras, começou a se reconstruir lentamente. O povo começou a voltar às suas casas, e a luz começou a brilhar novamente sobre as ruínas. Mas a história da Aliança de Oito e o sacrifício de Hrogar nunca seria esquecida. Eles eram agora lendas, heróis que haviam enfrentado a escuridão e vencido.

Lucius, Ravenna, Lira e Xander continuaram sua jornada, mas sempre com o peso da perda em seus corações, sabendo que, embora a escuridão tivesse sido vencida, o custo de sua vitória havia sido grande.

O mundo de Gloomhaven estava em paz... por enquanto.

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