Gloomhaven: O Último Refúgio - PARTE 1



A névoa densa envolvia Gloomhaven como um manto pesado. O vento cortante soprava pelas ruas desertas, levantando poeira e restos de papel que flutuavam como almas perdidas. As construções de pedra, outrora grandiosas, agora estavam em ruínas, e as poucas pessoas que ousavam caminhar pela cidade faziam-no com cautela, sempre olhando por cima do ombro.

Os mercadores, os místicos, os mercenários – todos haviam abandonado Gloomhaven. Mas uma coisa permaneceu: a taverna, o último refúgio para aqueles que ainda procuravam o significado de suas vidas, ou a chance de escapar dos horrores que assolavam o mundo.

Na taverna, os rostos de velhos aventureiros se misturavam com os de jovens em busca de glória. O fogo na lareira queimava com fúria, mas não conseguia afastar o frio da escuridão que tomava conta da cidade. As lâmpadas de óleo iluminavam a sala de maneira tênue, como se o próprio destino estivesse apagando as últimas chamas de esperança.

A Aliança de Oito

Entre os frequentadores da taverna, uma mesa estava ocupada por um grupo incomum. Eles se chamavam de A Aliança de Oito, um grupo de mercenários e aventureiros que haviam se reunido por um propósito único: derrotar a ameaça que se erguia de maneira crescente nas terras ao redor de Gloomhaven.

Lira, a elfa mística, estava de olhos fechados, como se tentasse ouvir o sussurro do vento que se misturava com o som do fogo. Ela sentia uma energia estranha na cidade, uma força obscura que parecia estar se fortalecendo a cada dia.

Hrogar, o guerreiro anão, fitava a mesa com um olhar penetrante. Suas mãos calejadas apertavam seu martelo, esperando que o próximo combate fosse a chance de se redimir das batalhas passadas.

Xander, o ladrão humano, brincava com uma adaga, movendo-a habilmente entre os dedos. Ele sorria, um sorriso que poderia ser confundido com confiança, mas que escondia a incerteza do que viria a seguir.

Ravenna, a conjuradora, com seu olhar gélido, parecia distante. Suas vestes eram negras, e seu rosto nunca se desfez de uma expressão de severidade. Ela estava ali não por lealdade, mas por necessidade. A escuridão a chamava, e ela não podia ignorar.

O grupo havia se formado por uma série de eventos que pareciam azarados, mas que se provaram necessários. Gloomhaven, com suas ruínas e mistérios, não era mais apenas uma cidade abandonada. Algo nas profundezas estava despertando, algo que ameaçava engolir todo o continente. E a Aliança de Oito estava prestes a ser a última linha de defesa.

A Missão

A chave para o fim da escuridão está na Fortaleza de Ferro,” disse Lucius, o erudito e líder da aliança. Sua voz era calma, mas havia uma determinação implacável nela. “Lá, nos confins do norte, guardada por uma horda de monstros e armadilhas antigas, está o artefato que pode destruir o coração da escuridão. Não podemos falhar. Gloomhaven depende de nós.”

A mesa ficou em silêncio por um momento. O peso das palavras de Lucius caiu sobre eles, cada um processando a gravidade do que estava prestes a acontecer.

Vamos então.” Hrogar se levantou, batendo com força sua mão sobre a mesa. O som ecoou pela taverna. “A única coisa que precisamos é de uma boa cerveja e de um bom martelo!

Lira fez um gesto suave, como se pedisse silêncio. Ela fechou os olhos e sentiu a energia da cidade mais uma vez. A magia no ar estava densa e impura. Algo não estava certo. “Antes de irmos, devemos nos preparar. A cidade está mais viva do que nunca, e cada passo que damos nos aproxima de um destino sombrio.

Lucius concordou com um aceno. “Sim, é por isso que precisamos da Fortaleza de Ferro. A cidade já não é mais segura, mas a nossa única esperança está no artefato que lá repousa.”

Os membros da aliança se levantaram e dirigiram-se ao portão da cidade, prontos para enfrentar o que quer que estivesse aguardando nas sombras.

A Viagem ao Norte

A jornada até o norte não seria fácil. O terreno era traiçoeiro, e os ventos do inverno batiam implacavelmente nas costas do grupo. A neve caía em flocos densos, tornando a visibilidade limitada e o progresso lento. Porém, mesmo com todas as dificuldades, havia uma sensação de urgência que fazia o grupo avançar sem hesitar.

Durante os dias de viagem, os membros da aliança enfrentaram diversas ameaças: criaturas mutantes, bandidos desesperados e até mesmo elementais da neve, que atacavam a cada noite. Mas a cada desafio, a união entre os aventureiros se fortalecia. Hrogar, com seu martelo, cortava através dos inimigos com a força de um urso. Ravenna, com seus feitiços obscuros, desintegrava os monstros que se aproximavam com facilidade. Lira, com sua magia mística, trazia cura e proteção a todos, enquanto Xander e Lucius resolviam os problemas mais complexos.

Mas algo estranho acontecia. Sempre que se aproximavam das montanhas que cercavam a Fortaleza de Ferro, uma presença sombria parecia rondá-los. Não era uma força física, mas uma sensação inquietante que os fazia olhar por cima do ombro.

Uma noite, enquanto o grupo descansava ao redor de uma fogueira, Xander olhou para a neve que caía e disse: “Eu não sei vocês, mas estou começando a sentir que essa jornada não é só sobre salvar Gloomhaven. Tem algo mais aqui. Algo que não podemos ver ainda.

Ravenna olhou para ele com um olhar gélido. “O que quer que seja, Xander, não se meta com o que não entende. Apenas siga em frente.

Mas Xander sabia que havia algo mais em jogo. E a verdade, ele sentia, estava mais próxima do que imaginavam.

A Fortaleza de Ferro

Quando finalmente chegaram à Fortaleza de Ferro, o lugar estava imerso em uma escuridão pulsante. A enorme estrutura de pedra parecia se erguer das profundezas da terra, coberta por uma vegetação venenosa e ruínas de antigas batalhas. O portão estava aberto, como se os aguardasse, mas a sensação de ameaça era palpável.

Os aventureiros entraram com cautela, sabendo que a qualquer momento poderiam ser atacados por alguma das armadilhas deixadas pelos antigos guardiões da fortaleza. O silêncio dentro das paredes de ferro era quase opressor, e apenas o som dos passos de seus sapatos ecoava pelos corredores.

No coração da fortaleza, um altar macabro aguardava. No centro, um artefato brilhava com uma luz iridescente, mas algo mais se aproximava. A escuridão, que até então parecia distante, agora tomava forma. Criaturas das sombras, quase invisíveis, começaram a se formar nas sombras das paredes, seus olhos vermelhos brilhando de malícia.

Preparem-se!” gritou Lucius, sua voz sendo abafada pelo rugido das criaturas sombrias que começaram a se aproximar.

Hrogar foi o primeiro a avançar, seu martelo pesado estalando contra a carne das criaturas. Ravenna conjurou feitiços sombrios para esmagar seus inimigos com pura energia negativa, enquanto Lira usava sua magia de luz para afastar as sombras.

No centro da sala, o artefato estava em um pedestal de pedra, com uma luz intensa emanando dele. Mas não era apenas o artefato que estavam ali para destruir; era a própria essência da escuridão que se escondia naquela fortaleza.

A batalha final estava prestes a começar, e não haveria volta. O futuro de Gloomhaven e de todos os que ainda acreditavam na esperança estava nas mãos deles.

SEGUNDA PARTE DIA 06 DE ABRIL

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