"A Lenda de Elara" - Fairy Tale

 




Em um reino perdido entre as brumas do tempo, existia uma pequena aldeia onde o vento sussurrava segredos antigos e os sonhos pareciam mais reais do que a própria realidade. Elara, uma jovem de cabelos dourados como o sol e olhos azuis como o céu do amanhecer, morava ali, em uma casa simples no limite da floresta. Desde criança, ela ouvia as histórias contadas pelas velhas do vilarejo sobre o "Reino da Lua", um lugar mágico onde as estrelas dançavam com os ventos e as árvores cantavam melodias suaves.

A vida de Elara sempre foi tranquila, mas seus dias estavam marcados por uma sensação de que algo estava por vir. Ela não entendia, mas sabia que o destino a chamava, que o vento carregava algo mais do que apenas o perfume das flores da estação.



Uma noite, quando o céu estava mais escuro do que nunca e a lua cheia iluminava o horizonte, Elara viu uma figura misteriosa nas margens do rio que cortava a aldeia. Era um homem encapuzado, com uma capa negra que refletia as estrelas como se fossem seus próprios olhos. Ele a chamou pelo nome, e seu coração, batendo descontrolado, não podia ignorar a presença daquele ser enigmático.

"Você está pronta, Elara?", ele perguntou, sua voz profunda e suave, como um eco distante das montanhas.

"Pronta para o quê?", ela questionou, confusa, mas não com medo. Algo dentro dela a fazia acreditar que aquele momento era inevitável.

"Para descobrir a verdade. O Reino da Lua não é apenas uma lenda. Ele existe, e você tem um papel a desempenhar", disse o homem, revelando-se como um mago, cujos olhos brilhavam com a luz das estrelas.

Sem hesitar, Elara seguiu o mago até a floresta, onde as árvores pareciam se curvar em reverência a sua presença. Ele a guiou até uma clareira onde um círculo de pedras antigas formava um portal. O mago, com um gesto fluido, acendeu uma chama azul nas pedras e uma abertura se formou no ar, levando Elara para um mundo desconhecido.

Quando Elara atravessou o portal, ela se viu em um lugar surreal. O céu estava repleto de constelações que não pertenciam ao seu mundo, e o solo era macio, coberto por flores cintilantes. Ao longe, uma enorme árvore, mais alta do que qualquer ser vivo que ela já tivesse visto, se erguia majestosa. Suas folhas brilhavam com a luz da lua e seu tronco parecia ser feito de prata.

"Este é o Reino da Lua", disse o mago, sua voz ecoando suavemente entre os ventos. "Aqui, os sonhos se tornam realidade e as lendas ganham vida. Mas há um preço a pagar por conhecer esta verdade."

Elara olhou em volta, maravilhada, mas uma sensação de tristeza a envolveu. "O que há de errado com este lugar?", ela perguntou.

"O Reino da Lua está morrendo", explicou o mago. "E você é a chave para salvar ou destruir tudo o que existe aqui."

O coração de Elara apertou. Ela não sabia o que isso significava, mas algo dentro dela dizia que o destino não estava apenas brincando com ela. Era sério. O Reino da Lua estava à beira da extinção, e ela, aparentemente, tinha sido escolhida para decidir seu futuro.

"Eu... não entendo. Como posso salvar um reino que mal conheço?", ela perguntou, angustiada.

"O segredo está em você", o mago respondeu. "Você tem o poder de trazer de volta a luz da lua, mas para isso, precisará enfrentar as sombras que corrompem este lugar."

E assim, Elara partiu em uma jornada pelo Reino da Lua, guiada por enigmas e símbolos que pareciam seguir suas ações como se tivessem vida própria. Ela enfrentou monstros feitos de névoa, atravessou desertos onde o tempo se distorcia e navegou por rios de estrelas caídas. Mas, a cada passo, Elara sentia que o peso do reino caía sobre seus ombros, e uma tristeza profunda começou a tomar conta de seu coração. A magia que sustentava o Reino da Lua estava morrendo, e com ela, as esperanças de todos os seus habitantes.

Durante sua jornada, ela encontrou outros seres como o mago – seres etéreos que não eram nem completamente humanos nem completamente imortais. Eles a alertaram sobre o verdadeiro mal que pairava sobre o reino: uma força sombria que havia se infiltrado no coração da árvore da lua, corrompendo sua essência. "A árvore é a fonte de todo o poder aqui", disseram eles, "mas sua luz foi apagada pela sombra da ganância e do egoísmo."

Finalmente, Elara chegou à grande árvore. Sua altura impressionante parecia tocar os céus, mas sua luz estava fraca, quase extinta. No topo, uma esfera brilhava, mas não com o fulgor do início dos tempos. Ao chegar perto, Elara sentiu uma presença maligna.

Ela não estava sozinha.

Diante dela, a figura que apareceu era o próprio mago, mas sua forma estava distorcida, envolta em uma aura de sombras.

"Você veio para destruir tudo, Elara?", ele perguntou, com uma risada baixa. "Você não entende. Eu sou o Reino da Lua. Eu sou o poder que o mantém vivo."

"Mas você está destruindo tudo", Elara respondeu, com uma firmeza que ela não sabia que possuía. "O que você quer não é salvar, mas controlar. E eu não vou deixar isso acontecer."

O mago sorriu, um sorriso sombrio. "Você não entende. Eu não posso ser derrotado. A escuridão dentro de você é o que me mantém vivo. Você já fez parte de mim. Você sempre fez."

Foi então que Elara percebeu. A sombra não estava apenas no mago ou na árvore, mas dentro dela mesma. Seu próprio ego, suas inseguranças, seus medos... eles eram a verdadeira corrupção do Reino da Lua. E para restaurar a luz, ela teria que libertar-se dessas sombras.

Em um momento de clareza, Elara olhou para a esfera e, com um último suspiro, tocou sua superfície. Uma onda de luz irrompeu, varrendo o mal e apagando as trevas que haviam se apossado de sua alma. A árvore da lua brilhou intensamente, e o mago, sua verdadeira forma, se desfez em poeira estelar.

O Reino da Lua foi restaurado, e com ele, o equilíbrio foi restabelecido. Mas Elara sabia que a verdadeira vitória não estava em salvar aquele mundo, mas em entender que a verdadeira luz vem de dentro, da superação de nossas próprias sombras.

Ela voltou para sua aldeia, mas agora, o vento que antes sussurrava segredos, cantava canções de liberdade e esperança. E, no silêncio da noite, o brilho da lua iluminava o caminho de Elara, a heroína que havia vencido as sombras dentro de si mesma.

Fim

Comentários