Nemesis: O Último Suspiro - Conclusão



O disparo de Sarah ecoou pela sala, mas ao invés de um alívio, a nave parecia tremer como se estivesse respondendo à dor. O corpo de Theo, ou o que restava dele, caiu para o chão com um som surdo, uma mistura grotesca de carne e metal. Mas antes que eles pudessem respirar aliviados, o ambiente ao redor deles mudou de forma aterradora. As luzes da sala começaram a piscar intensamente, e o som de um alarme agudo reverberou por toda a nave.

“Isso não pode estar acontecendo… não agora…” murmurou Emily, seu rosto pálido e seus olhos arregalados com medo.

Mark estava em silêncio, seu olhar fixado em Sarah. O horror em seus olhos era inconfundível. O que quer que fosse a Nemesis, ela não estava apenas viva – ela estava consciente. E agora, parecia que estava reagindo com fúria ao que Sarah havia feito. A morte de Theo, e a tentativa de destruir o núcleo, tinha feito a nave perceber a ameaça de seu próprio fim.

O chão tremeu com força, fazendo-os quase perder o equilíbrio. A sala do reator começou a se fechar, com as paredes se aproximando como se quisessem esmagá-los. O pânico tomou conta deles. Mas Sarah, apesar do medo, manteve a calma. Ela se aproximou do painel de controle, pressionando botões com uma rapidez desesperada. O tempo estava se esgotando.

“Sarah, o que você está fazendo?” Mark perguntou, a voz tingida de urgência e medo.

“Eu vou tentar algo. Se não conseguir desativar a nave, pelo menos podemos atrapalhar seus sistemas de controle. Precisamos ao menos ganhar tempo!” respondeu ela, sua mão tremendo enquanto apertava os botões.

“Não temos tempo!” Emily gritou. “As criaturas estão chegando, e a nave… está viva! Não podemos lutar contra isso!”

O alarme aumentou de intensidade, e, de repente, uma voz fria e artificial preencheu a sala.

Falha no núcleo. Contaminação detectada. Iniciando processo de eliminação.

As paredes continuaram a se aproximar, e o ambiente parecia se tornar cada vez mais sufocante. Sarah sentiu o suor escorrendo por sua testa, suas mãos suadas agarrando os controles. Ela sabia que estavam em uma corrida contra o tempo, mas mesmo assim, a sensação de impotência a tomava. As chances de sobrevivência estavam diminuindo a cada segundo.

Falha na segurança. Iniciando protocolo de contenção.

O que restava de uma nave uma vez imensa e imponente, agora era um túnel de morte, suas entranhas se fechando em torno dos sobreviventes. Mas Sarah, com sua experiência e força de vontade, sabia que eles não estavam completamente sem opções.

Ela virou-se para Mark e Emily. “Peguem o que restar das armas e sigam-me. Vamos destruir o núcleo antes que a nave acabe conosco. Temos que destruir o coração dela.”

Mark, com os olhos ainda perdidos no caos, assentiu lentamente. Emily, no entanto, parecia completamente distante, sua mente ainda lutando com o que havia acontecido com Theo.

“O que aconteceu com ele, Sarah?” Emily sussurrou, com a voz quebrada. “O que foi aquilo?”

Sarah olhou para a amiga, seu coração apertando. Não havia palavras que pudessem aliviar a dor. Ela sabia o que Emily queria saber, mas, na verdade, ela mesma ainda não entendia completamente. A nave estava infectada, não apenas pelas criaturas alienígenas, mas por algo muito mais profundo e maligno. Ela sentia que havia algo mais ali, algo que controlava tudo isso.

“Não sei, Emily… Mas eu sei que a gente precisa destruir isso. Agora.”

Eles correram pelos corredores apertados da nave, a sensação de estar sendo caçado a cada segundo. As criaturas estavam em cada canto, mas a nave também parecia estar se movendo contra eles, como se estivesse controlando tudo ao seu redor. As paredes, que antes pareciam sólidas e confiáveis, agora se curvavam e se fechavam, como se quisessem engolir a tripulação viva.

Finalmente, chegaram à sala principal do núcleo. O grande reator da nave estava em pleno funcionamento, mas agora parecia distorcido. Suas luzes piscavam em tons de vermelho e verde, e uma pulsação estranha se espalhava pelo ambiente. Algo não estava certo.

“Isso não é apenas uma máquina…” Mark disse, olhando fixamente para o centro da sala. “A nave… está respirando.”

Sarah olhou ao redor. As paredes da sala estavam cobertas por um material orgânico, pulsando e se contraindo como se a própria nave tivesse se tornado uma criatura viva. As criaturas que antes eram uma ameaça, agora pareciam parte do próprio sistema da Nemesis, como células infectadas.

“Vamos acabar com isso”, Sarah disse, com uma voz firme. Ela apontou para os controles do reator. “Se eu conseguir sobrecarregar esse núcleo, ele vai desintegrar a nave por completo. Mas… não sei quanto tempo teremos.”

Emily foi até um dos painéis e começou a manipular os controles. Mark se manteve vigilante, seu olhar atento às sombras.

De repente, a porta atrás deles se fechou com força, e um grito ensurdecedor ecoou pela sala. O som de algo pesado se arrastando se aproximava, e, no escuro, uma figura apareceu, uma criatura que antes havia sido parte da tripulação. A forma retorcida de Theo, agora uma fusão grotesca de carne e metal, avançava em direção a eles.

Vocês… não podem me destruir. Eu sou a Nemesis!” a voz de Theo, distorcida e gutural, ecoou pelas paredes.

Mas Sarah não hesitou. Com um movimento rápido, ela atirou, e a criatura se despedaçou com o impacto. Porém, isso não impediu a nave de reagir. O sistema começou a se desintegrar, a nave gritando em agonia.

“Agora!” Sarah gritou para Emily.

Emily fez os últimos ajustes no painel. O reator começou a se sobrecarregar. As luzes da nave piscavam com força, e um som de ruptura soou por toda a estrutura. A Nemesis estava morrendo, mas eles também estavam com ela.

“Vamos sair daqui!” Mark gritou, puxando Sarah e Emily pela mão. Eles correram para a saída, mas o tempo estava se esgotando. O reator explodiria a qualquer momento.

Quando a porta se abriu, eles viram uma linha de escape. Mas algo os fez parar.

Vocês não podem escapar!” a voz da nave, ou o que restava dela, ressoou no ar.

Sarah olhou para trás, para o interior da nave. Eles estavam prestes a perder tudo, mas algo dentro dela a fez olhar com mais um suspiro de esperança. Ela sabia que a Nemesis não tinha mais controle sobre eles. Mesmo com sua consciência e poder, a nave estava morrendo. A batalha tinha sido vencida.

Em um último ato de coragem, ela puxou Emily e Mark para fora, enquanto a explosão do reator envolvia tudo ao redor.

Quando a nave foi consumida pela explosão, a imensidão do espaço os engoliu. A Nemesis se foi, mas eles estavam vivos. Um sobrevivente entre as cinzas de um pesadelo.

Enquanto o vazio do espaço os envolvia, a última esperança deles era que, algum dia, outras almas perdidas encontrassem o fim daquela jornada. Mas agora, finalmente, o último suspiro da Nemesis foi abafado pelo silêncio.

Fim.

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