#001 - QUARTA DO HÉROI - JIMMY OLSEN (UNIVERSO DC)

Toda quarta é noite de neons piscando e capas rasgadas no vento — o palco onde heróis e vilões fazem sua estreia no Brasil. Não se trata só de comentar a chegada deles às telas, mas de abrir a ferida: dissecar as origens, vasculhar os becos onde esses personagens nasceram, e entender por que ainda insistem em lutar (ou destruir). 

Hoje, o holofote recai sobre os heróis secundário sem poder,  JIMMY OLSEN, que salvou o dia no novo filme do Superman (HBO Max)

Superman (2025)


JIMMY OLSEN



Jimmy Olsen nunca nasceu herói. Nasceu fotógrafo. E isso, acredite, já é meio caminho andado para a loucura. Porque quem se mete a registrar o impossível, invariavelmente, acaba engolido por ele. Jimmy apareceu pela primeira vez lá atrás, em Action Comics #6 (1938), quase como um borrão de fundo, um garoto sem nome entre os recortes de um mundo que ainda não sabia direito o que fazer com o Superman. Só em Superman #13 (1941) é que ele ganhou batismo oficial, o moleque ruivo com cara de curioso e coragem maior que o senso de autopreservação.

No fundo, Jimmy é o olhar do leitor atravessando o jornal. A lente da câmera não é só uma ferramenta: é sua trincheira. Ele corre ao lado de Lois Lane quando as balas cantam, segura o gravador para Perry White quando o deadline arde, e nunca pensa duas vezes antes de estar na linha de fogo. Nos anos 1950, ganhou até revista própria — Superman’s Pal Jimmy Olsen — onde os roteiristas o transformavam em tudo o que se possa imaginar: monstro, super-herói temporário, cobaia viva. Era como se a DC testasse nele os delírios mais selvagens, e Jimmy aceitasse, sempre com aquele sorriso desajeitado de quem não sabia se estava salvando o dia ou só virando piada.

Mas, piada ou não, ele se manteve. Quando as grandes crises do universo DC explodiram na Crisis on Infinite Earths (Crise nas Infinitas Terras), Jimmy estava lá, não apenas clicando fotos, mas se tornando peça fundamental em conspirações que nem mesmo os deuses de capa entendiam por completo. O moleque que começou como figurante acabou puxando fios cósmicos, provando que, às vezes, a coragem ordinária é a mais extraordinária de todas.

É fácil subestimar Jimmy Olsen. Sempre foi. O cabelo ruivo, o ar ingênuo, a gafe pronta. Mas a verdade é que ele representa aquilo que o próprio Superman tenta lembrar todos os dias: o mundo real, de carne e osso, de gente comum que não voa. Jimmy não é herói porque quer, mas porque o acaso o arrastou para esse tabuleiro de monstros, alienígenas e gênios lunáticos. E, no meio disso tudo, ele fez o que sabia: ajustou o foco, esperou o instante certo e disparou o flash.

No fim, talvez seja isso que o torna lendário, não os poderes que nunca teve, mas a coragem de estar lá, no olho do furacão, sabendo que qualquer segundo poderia ser o último. Jimmy Olsen, o repórter que nunca pediu por glória, mas acabou virando parte da própria mitologia de Metrópolis.

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