Ângela Diniz: Assassinada e Condenada estreia hoje na HBO Max



Estreia nesta quinta-feira, 13 de novembro, a minissérie Ângela Diniz: Assassinada e Condenada, produção brasileira da HBO Max em parceria com a Conspiração. Dividida em seis episódios, a obra recria a trajetória de Ângela Diniz e os acontecimentos que culminaram em seu assassinato em 1976, além do julgamento de Raul Fernando do Amaral Street, o Doca Street.

Dirigida por Andrucha Waddington e com roteiro de Elena Soárez, a série tem como base o podcast Praia dos Ossos, da Rádio Novelo, que investigou o caso e sua repercussão histórica. O enredo percorre desde o desejo de Ângela de se separar do primeiro marido e viver segundo seus próprios termos, até o crime que se tornou um marco na discussão sobre feminicídio e machismo no Brasil.

O elenco é liderado por Marjorie Estiano, que interpreta Ângela Diniz, e Emílio Dantas, no papel de Doca Street. O time ainda conta com Antônio Fagundes, que dá vida ao advogado Evandro Lins e Silva, além de Thiago Lacerda como o colunista social Ibrahim Sued. Também integram a produção nomes como Yara de Novaes e Camila Márdila.

Com estreia simultânea no HBO Max e exibição no Festival do Rio, na mostra “Première Brasil: Especial Séries Brasileiras”, a série retoma um episódio emblemático da história recente do país. O julgamento de Doca Street ficou marcado pela polêmica tese da legítima defesa da honra, que inicialmente lhe garantiu pena branda, mas foi posteriormente revertida após a mobilização social e feminista com o lema “Quem ama não mata”.

A minissérie já está disponível no catálogo da HBO Max a partir de hoje.

O assassinato de Ângela Diniz e o julgamento que parou o Brasil

Em 30 de dezembro de 1976, o Brasil foi abalado por um crime que se transformaria em símbolo da luta contra a violência de gênero. A socialite Ângela Diniz, de 32 anos, foi assassinada a tiros pelo então companheiro Raul Fernando do Amaral Street, conhecido como Doca Street, na casa da Praia dos Ossos, em Búzios, no Rio de Janeiro. O caso rapidamente ganhou repercussão nacional, estampando manchetes e provocando debates sobre o papel da mulher na sociedade.

Doca disparou quatro vezes contra Ângela após uma discussão. No julgamento, sua defesa utilizou a chamada tese da “legítima defesa da honra”, que alegava que o acusado havia agido para preservar sua dignidade masculina. O argumento, aceito pelo júri em 1979, resultou em uma condenação de apenas dois anos de prisão, permitindo que Doca respondesse em liberdade.

A decisão provocou indignação e uma onda de protestos em todo o país. Movimentos feministas, que estavam em ascensão no final da década de 1970, organizaram manifestações com palavras de ordem como “Quem ama não mata”, pressionando por justiça. A mobilização pública fez com que um novo julgamento fosse realizado em 1981, quando Doca Street recebeu uma pena mais dura, de 15 anos de prisão.

O caso Ângela Diniz não apenas marcou a crônica policial, mas também se tornou um divisor de águas na discussão sobre feminicídio, machismo estrutural e impunidade no sistema judicial brasileiro. Até hoje, a história segue sendo revisitada em livros, documentários, podcasts e agora em produções televisivas, reafirmando sua relevância para a memória coletiva do país.

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